De olho no mercado
MERCADO – As incertezas com o desfecho do encontro de dois dias entre Estados Unidos e China para tentar um acordo comercial impõem cautela no exterior e devem conter também o apetite local. No exterior, o principal é a reunião que começa na quinta-feira, em Washington, entre autoridades do alto escalão dos governos chinês e americano.
Segundo apurado, os chineses estariam relutantes em buscar um amplo acordo comercial. O vice-premiê chinês Liu He, que liderará a delegação de Pequim nas discussões, afirmou a dignitários que sua oferta para os EUA não incluirá compromissos de reformar a política industrial chinesa ou subsídios do governo, dois pontos que têm sido alvos de reclamações da Casa Branca. No próximo dia 15, está programado um novo aumento de tarifas dos EUA sobre US$ 250 bilhões em produtos da China, de 25% para 30%.
BRASIL – Por aqui, o momento é de expectativa com a reta final da tramitação da reforma da Previdência, cuja votação em segundo turno no Senado deve ocorrer só a partir da semana que vem.
Isso se ficar resolvido o impasse sobre a divisão dos recursos do pré-sal. Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, articulam uma reunião com todos os governadores para tentar acertar essa divisão, pondo fim à disputa entre os Estados do Norte e do Nordeste, maiores contemplados pela proposta aprovada no Senado, e os das demais regiões.
Ontem, Maia teve encontro fora da agenda com o presidente Jair Bolsonaro para tratar da pauta da Câmara, como o novo texto para a “regra de ouro” e para tratar da partilha dos recursos do megaleilão do pré-sal. O governo defende dividir os R$ 106,5 bilhões previstos do bônus da assinatura do leilão, marcado para 6 de novembro, da seguinte forma: depois do pagamento de R$ 33,6 bilhões à Petrobras, Estados, municípios e parlamentares ficariam, cada um, com 10%, o que corresponde a R$ 7,3 bilhões.
O Rio teria R$ 2,19 bilhões e, a União, a fatia maior de R$ 48,9 bilhões. Maia afirmou a Bolsonaro que a proposta da equipe econômica não tem chance de passar no Congresso e defendeu a manutenção dos 15% para cada. Ainda sobre o pré-sal, parlamentares também querem usar a arrecadação com o leilão para destravar a reforma tributária.
A ideia é criar um fundo de desenvolvimento regional, a ser abastecido com recursos futuros do pré-sal, para compensar os governadores pelo fim dos incentivos usados pelos Estados menos desenvolvidos para atrair as empresas. De qualquer modo, a semana pode ser curta para avançar nesses temas, uma vez que uma comitiva de parlamentares da Câmara e do Senado, incluindo Maia e Alcolumbre, viaja na quinta-feira para Roma para a cerimônia de canonização da Irmã Dulce, no dia 13 de outubro, no Vaticano, com retorno marcado para segunda-feira. Fora do Congresso, a agenda doméstica da semana traz IPCA de setembro e vendas no varejo de agosto.