De olho no mercado
Mercado Mundial – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem alguns dias para decidir se deve impor tarifas sobre quase 160 bilhões de dólares em bens de consumo chineses apenas algumas semanas antes do Natal, uma medida que pode ser mal recebida nos Estados Unidos e na China.
Os principais assessores econômicos e comerciais da Casa Branca — incluindo o representante comercial Robert Lighthizer, Larry Kudlow, Peter Navarro e o secretário do Tesouro Steven Mnuchin – deverão se reunir nos próximos dias com Trump sobre essa decisão, disse uma fonte informada sobre a situação. Ainda não há clareza sobre qual será a decisão.
Washington está preparando as bases para um adiamento para as tarifas mais recentes, programadas para entrarem em vigor em 15 de dezembro, mas uma decisão final não foi tomada, disse a pessoa à Reuters.
Se a Casa Branca permitir que as tarifas de 15 de dezembro entrem em vigor, as negociações entre EUA e China provavelmente estarão encerradas pelo restante do mandato do presidente Trump, disse a fonte.
Do jeito que as tarifas foram escritas, o governo Trump tem que agir, ou elas entrarão automaticamente em vigor, disseram especialistas em comércio.
O Federal Reserve realiza sua última reunião de política monetária de 2019 nesta quarta-feira, tendo completado uma virada de um ano que levou o banco central norte-americano a abandonar o ciclo de aperto e reduzir os custos de empréstimo três vezes em resposta à guerra comercial global.
A mudança reduziu a estimativa de autoridades para a taxa de empréstimo referencial do Fed ao longo de 2020 para metade do nível de quando o chairman do banco, Jerome Powell, assumiu o comando em fevereiro de 2018.
A expectativa é de que o Fed deixe inalterada sua taxa básica de juros em um nível entre 1,5% e 1,75% quando encerrar nesta quarta-feira seus dois dias de reuniões, e reitere que deve manter esse nível durante boa parte de 2020, senão o ano inteiro.
Mercado Brasileiro – O mercado de câmbio tende a ficar na defensiva diante das incertezas sobre um acordo comercial entre Estados Unidos e China e o compasso de espera pelas decisões de política monetária do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil. A expectativa é de achatamento do diferencial de juros interno e externo, uma vez que para o Fed as apostas são de manutenção das taxas entre 1,50% e 1,75%, enquanto para o Copom a maioria dos economistas esperam novo corte de 0,50 ponto, para 4,5% ao ano. Com isso, o fluxo cambial ficará no radar em meio ainda a estreia das ações da XP Investimentos na Nasdaq, em Nova York.
Internamente, como os índices de inflação vem subindo – o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) subiu 1,83% na primeira prévia de dezembro, após ter aumentado 0,08% na primeira prévia de novembro – não é descartada por alguns agentes a possibilidade de desaceleração no ritmo de corte da Selic, para 0,25 ponto em vez de 0,50 ponto, como já ocorreu nas três reuniões anteriores. A ver. Com o resultado, o IGP-M acumulou elevação de 7,03% neste ano e em 12 meses.
Em relação à XP, ontem, a corretora emplacou uma oferta inicial de ações (IPO) de US$ 2,25 bilhões, que teve demanda 14 vezes maior que o volume ofertado. A ação foi precificada em US$ 27, acima da faixa indicativa da oferta, de US$ 22 a US$ 25. Assim, a XP chega ao mercado avaliada como companhia aberta em US$ 14,9 bilhões, ou R$ 61,7 bilhões, cerca de 20% do valor de mercado do Itaú Unibanco, maior banco privado do Brasil e dono de 49% da corretora.
Duas decisões do Congresso ontem ficam ainda no radar, porque afetam o ajuste fiscal do governo. O Congresso aprovou uma lista de 24 projetos que garantem R$ 27,6 bilhões em crédito extra no Orçamento da União para ministérios, estatais e outros órgãos públicos usarem ainda em 2019. Cabe agora ao presidente Jair Bolsonaro sancionar os textos. Além disso, foi aprovado o Plano Plurianual (PPA) para o período de 2020-2023, com metas e diretrizes para o período, e uma proposta que pode obrigar o governo a pagar um total de R$ 23,4 bilhões aos redutos eleitorais dos deputados e senadores em 2020, ano de eleições municipais.
Ontem, o dólar à vista fechou em alta de 0,47%, a R$ 4,1488, interrompendo ganhos acumulados 2,63% nas seis sessões anteriores. Já o contrato de dólar de janeiro de 2020 terminou em R$ 4,1500 (+0,08%).