De Olho no Mercado
Mercado Mundial – A reviravolta do discurso do coronavírus do presidente Donald Trump foi rápida, repentina – e atrasada. A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, aprovou a legislação sobre vírus no início do sábado. O presidente do Federal Reserve, Jay Powell, reduziu as taxas de juros para quase zero no domingo. E na segunda-feira, um moderado Trump subiu ao pódio da Casa Branca para dizer sobre o coronavírus: “É ruim”. Ele endossou o “distanciamento social” – os comportamentos de ficar em casa que muitos americanos, seus empregadores, líderes estaduais e prefeitos vinham promovendo e praticando há dias. No domingo, ele disse às pessoas para irem às mercearias, mas para não comprar tanto. Na segunda-feira, ele estava dizendo para eles ficarem fora de restaurantes e educarem seus filhos em casa. Trump deu alguns passos antes de segunda-feira. Ele criou uma força-tarefa de coronavírus da Casa Branca, fez um discurso no horário nobre, onde anunciou novas restrições às viagens da Europa e disse que havia mudado as regras federais para disponibilizar mais testes de vírus – em meio a queixas de falta. As ações fecharam em queda no pregão de segunda-feira, com perdas nos setores de Finanças, Tecnologia e Óleo e Gás, levando as ações a uma baixa. No encerramento em Nova York, o Índice Dow Jones recuou 12,93%, alcançando novo nível recorde mínimo de 3 anos, enquanto o Índice S&P recuou 11,98%, e o Índice NASDAQ caiu 12,32%.
Mercado Brasileiro – O Ministério da Economia anunciou nesta segunda-feira pacote de 147,3 bilhões de reais voltados ao combate dos efeitos do coronavírus com medidas que incluem a antecipação de pagamentos obrigatórios, remanejamento de gastos e prorrogação de recolhimento de tributos.
Muitas delas, contudo, dependem do aval do Congresso e ainda precisam ser formatadas pela equipe econômica em projetos de lei ou medidas provisórias, num momento em que os parlamentares ainda discutem o prosseguimento normal dos trabalhos em meio ao surto do coronavírus.
Segundo o ministro Paulo Guedes, as medidas não implicarão descumprimento da regra do teto de gastos, mas ele admitiu que a meta de déficit fiscal de 2020 poderá ter que ser ampliada para enfrentar o choque do coronavírus, que ele classificou como “transitório”.
“O Brasil tem condições de atravessar isso, é transitório, são três, quatro meses. O choque bate e depois desce novamente”, afirmou Guedes em entrevista coletiva à imprensa após passar o dia em reuniões com sua equipe e com o presidente Jair Bolsonaro, que esteve no ministério durante a tarde.
“Nós temos que prosseguir, primeiro com muita serenidade, não podemos nos entregar à psicologia de pânico, à psicologia de derrotismo”, completou.
A Ibovespa fechou em queda de mais de 10% nesta segunda-feira, renovando mínimas desde 2018, em nova sessão com circuit breaker, com as últimas respostas de autoridades aos efeitos da pandemia do novo coronavírus trazendo aflição de que a desaceleração nas economias será maior do que se vem projetando.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 13,92%, a 71.168,05 pontos. O volume financeiro somou 52,87 bilhões de reais, influenciado ainda pelo vencimento dos contratos de opções sobre ações, que movimentou 21,36 bilhões de reais.
O circuit breaker foi acionado às 10:24, após o Ibovespa cair 12,53%, a 72.321,99 pontos, o quinto do mês em meio à forte volatilidade nos mercados devido ao vírus e seus efeitos econômicos. Na mínima, o Ibovespa chegou a 70.854,82 pontos, queda de 14,3% e quase disparando um segundo circuit breaker na sessão.