De Olho no Mercado
O destaque da semana passada ficou por conta do receio por uma nova recessão global: nossa bolsa caiu cerca de 4% (sexta fechou com 99.806 pontos) e o dólar valorizou-se mais de 1,5% (fechou acima dos R$ 4,00).
Veja como fecharam as moedas por aqui na sexta-feira:
Além do temor de recessão, outros fatores como a guerra comercial entre EUA e China, dados negativos vindos da China e da Alemanha, e a crise na Argentina, ajudaram a azedar o humor dos mercados.
Até o tema da reforma da Previdência foi deixado de lado, e as ‘casas’ começam a soltar revisões mais altas para o dólar para o final de 2019: além do JP Morgan (semana passada aumentou sua projeção para R$ 4,00), agora o Commerzbank aposta numa taxa de R$ 3,90.
O Boletim Focus divulgado agora há pouco trouxe um dólar à R$ 3,78 para o final deste ano (leitura anterior R$ 3,75).
Ainda falando em recessão, o economista-chefe do Rabobank prevê um cenário de ‘recessão branda’ para a segunda metade de 2020.
Embora outros não admitam abertamente que uma recessão está a caminho, muitos dizem que estão preparados para ela. Segundo o Centro de Competitividade Mundial, a atual expansão global irá até o ano que vem: (1) os EUA vem aumentando seu déficit fiscal, (2) a China vem mantendo uma flexibilidade em sua política fiscal e na expansão do crédito e (3) a Europa vem sustentando um certo ritmo de atividade. Mas as condições irão se deteriorar em direção à crise em 2020 e teremos uma recessão global.
E a semana começa tranquila lá fora: notícias de estímulos nas economias alemã (ministro alemão disse que seu país tem o poder fiscal para conter qualquer futura crise econômica com ‘força total’ e sugeriu que pode liberar mais de EUR 50 bilhões para gastos extras) e chinesas (o banco central de lá anunciou neste final de semana que mudará a forma como define a taxa de juros para diminuir os custos de financiamento das empresas e impulsionar a economia) mais a possibilidade de novas conversações entre americanos e chineses animam os mercados.
Praticamente todas as bolsas sobem (e as asiáticas também fecharam pra cima). Inclusive até o petróleo sobe.
Na agenda semanal teremos um importante evento a ser monitorado: o simpósio anual de Jackson Hole, nos Estados Unidos. Ele reúne os banqueiros dos principais bancos centrais do mundo.
Também saberemos o teor da ata do FOMC (e ficar de olho nos novos sinais de movimentação das taxas de juros de lá. Segundo o CME, a probabilidade de corte de 0,25 pontos na próxima reunião é de 100%) e a do BCE. Na Europa, teremos PMI na quinta-feira. Por aqui o destaque vai para o IPCA-15, que sai na quinta-feira.
Devemos ficar de olho na nova modalidade de atuação do Banco Central no câmbio: a partir de quarta-feira (21) até o dia 29 serão utilizados três instrumentos de intervenção: venda de dólares das reservas, swap cambial reverso (equivalente à compra no mercado futuro) e swap cambial (venda de dólar no mercado futuro), com oferta diária de USD 550 milhões (USD 3,8 bilhões no período, que é o saldo a vencer do dia 01 de outubro). No campo político, devemos acompanhar a tramitação da reforma da Previdência no Senado e a tributária no Congresso.
Neste momento praticamente todas as moedas pares do nosso real perdem valor frente ao dólar, operando na defensiva com perdas de até 0,6% (o dólar sobe). Por aqui, deve gravitar em torno dos R$ 4,00…