De olho no mercado
Mercado Mundial – A pressão sobre a economia da China em relação às tarifas dos EUA estava em evidência, pois os dados mostraram que os lucros industriais agregados caíram 9,9% no ano em outubro – a taxa mais rápida desde que a China começou a compilar os dados em 2011. As notícias vieram depois dos dados que mostram o déficit comercial dos EUA encolheu para o mais estreito em mais de um ano em outubro.
Os analistas do ING apontaram uma divergência acentuada por setor nos dados gerais, com setores relacionados ao comércio se saindo muito pior do que os relacionados à infraestrutura. Todas as fibras químicas, automotiva, papel e têxtil sofreram, enquanto as empresas de mineração e as de transporte não automotivo mais que dobraram seus lucros.
Os futuros do índice de ações dos EUA foram ligeiramente mais altos na quarta-feira, com o otimismo em torno das negociações comerciais, enquanto os investidores esperavam por indicadores econômicos domésticos cruciais em uma semana abreviada.
O presidente Donald Trump disse na terça-feira que os Estados Unidos estão no “ponto final” do trabalho em um acordo que neutralizaria uma guerra comercial prolongada com a China, mas também ressaltou o apoio de Washington a manifestantes em Hong Kong, um possível ponto ruim para Pequim.
Os principais índices de Wall Street atingiram recordes este mês consistentemente, na esperança de uma solução para a disputa comercial, os ganhos do terceiro trimestre que vieram acima das expectativas reduzidas e um terceiro corte na taxa de juros pelo Federal Reserve este ano.
Mercado Brasileiro – O dólar operava em queda contra o real nos primeiros negócios desta quarta-feira depois de atingir recordes históricos na sessão anterior, com os investidores atentos à atuação do Banco Central diante da disparada recente da moeda norte-americana.
Na terça-feira, o BC promoveu dois leilões extraordinários, e seu presidente, Roberto Campos Neto, afirmou que a autarquia pode repetir as intervenções cambiais neste pregão em caso de novos gaps de liquidez. Às 9:05, o dólar recuava 0,18%, a 4,2322 reais na venda. O dólar fechou a terça-feira com alta de 0,59%, a 4,2398 reais na venda, um recorde histórico, e chegou a tocar os 4,2785 reais na máxima intradia. Na B3, o dólar futuro de maior liquidez registrava queda de 0,02%, a 4,234 reais.
O Banco Central leiloará nesta quarta-feira até 15.700 contratos de swap cambial reverso e até 785 milhões de dólares em moeda à vista. Em caso de venda parcial ou não colocação dessas ofertas, a autarquia ofertará contratos de swap tradicional para rolagem do vencimento janeiro de 2020.
A disparada do dólar a quase 4,28 reais nesta terça-feira, para novos recordes nominais históricos, é reflexo de novo episódio de ruídos na comunicação de membros do governo, o que começa a contaminar de forma explícita outros mercados locais e eleva riscos quanto ao cenário de juros baixos. Mesmo agentes financeiros, os quais de forma geral têm elogiado a agenda reformista e as medidas pró-mercado do Executivo, passaram a adotar tom mais crítico em relação a falas de alguns integrantes da equipe econômica. E nem o Banco Central escapa das reclamações.
O mais recente fato gerador de instabilidade foi a declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, nos Estados Unidos, de que o câmbio de equilíbrio do Brasil agora é mais depreciado devido ao juro baixo. “Quando você tem um fiscal mais forte e um juro mais baixo, o câmbio de equilíbrio também ele é mais alto”, afirmou Guedes em entrevista coletiva na embaixada brasileira em Washington.
A interpretação do mercado foi: a alta do dólar não é um problema. Com a sensação de que a moeda acima de 4,20 reais não incomoda, os players viram espaço para reforçar as compras, o que automaticamente empurrou a cotação para acima da máxima histórica anterior, de 4,2482 reais na cotação de compra.
O governo revisou os parâmetros macroeconômicos que balizam o projeto do Orçamento de 2020, o que resultou na redução das despesas e receitas previstas para o próximo ano, segundo mensagem modificativa do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) encaminhada nesta terça-feira ao Congresso Nacional.
Como a equipe econômica já havia antecipado, a meta de déficit primário, de 124,1 bilhões de reais, não sofreu alteração. Mas, acompanhando a atualização dos parâmetros, houve redução nas estimativas do governo para a receita líquida –de 1,356 trilhão de reais para 1,348 trilhão de reais- e para a despesa total -de 1,480 trilhão de reais para 1,472 trilhão de reais.
O valor do salário mínimo em 2020 foi reduzido para 1.031 reais, de patamar anterior de 1.039 reais, acompanhando redução da estimativa para a inflação.
“Nós temos até o mês de dezembro para envio da política de salário mínimo, mas esse número é o referencial”, afirmou o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, em entrevista à imprensa.
O governo elevou a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para 2,32%, ante 2,17% projetados anteriormente. A taxa de câmbio média para 2020 foi aumentada para 4 reais, de 3,80 reais, enquanto a taxa de inflação foi reduzida para 3,5%, de 3,9%.